Investidores receberam com otimismo as notícias para a montadora japonesa em dificuldades, cujas ações vinham apresentando o pior desempenho em cinco décadas sob a atual liderança

As ações da Nissan dispararam até 24% nesta quarta-feira, o maior salto em pelo menos cinco décadas, com esperanças de que uma possível parceria com a Honda possa salvar a montadora japonesa da crise financeira.

As ações foram o destaque no Índice Nikkei 225 da Bolsa de Tóquio, enquanto os investidores receberam com otimismo as notícias para a montadora em dificuldades, cujas ações vinham apresentando o pior desempenho em 50 anos sob a atual liderança.

“Considerando que a Nissan está prestes a receber apoio de um parceiro financeiramente e operacionalmente mais forte, isso deve ser considerado uma boa notícia”, escreveu Julie Boote, analista sênior da empresa de pesquisa Pelham Smithers Associates, sediada em Londres, em uma nota.

Os problemas da Nissan ganharam as manchetes no início de novembro, quando a empresa reduziu drasticamente sua previsão de lucro e anunciou que precisaria eliminar 9.000 empregos em todo o mundo. A montadora também revelou um corte de 20% na produção global, à medida que os consumidores rejeitam sua linha de veículos pouco atraente, deixando os modelos da Nissan acumulando poeira nas concessionárias.

Honda está avaliando várias opções, incluindo uma fusão, parceria de capital ou a criação de uma holding, disse o vice-presidente Executivo Shinji Aoyama nesta quarta-feira, após relatos sobre negociações entre as montadoras.

A Mitsubishi, apontada como um possível participante na parceria, também registrou alta, com suas ações subindo até 20%, o maior aumento desde 2013.

Por outro lado, as ações da Honda caíram até 3,4%, devido à preocupação de que a montadora precise resgatar a Nissan. Uma parceria “não traria benefícios de curto prazo” para a Honda, disse Tatsuo Yoshida, analista sênior da Bloomberg Intelligence.

Essa diferença de reação também foi observada no mercado de crédito, com os spreads dos títulos em dólar da Nissan apresentando o maior estreitamento já registrado, enquanto os prêmios dos swaps de crédito da Honda dispararam, refletindo a preocupação dos investidores.

A medida seguiria uma decisão das duas empresas, no início deste ano, de trabalhar juntas no desenvolvimento de baterias e software para veículos elétricos. Naquela ocasião, o CEO da Honda, Toshihiro Mibe, levantou a possibilidade de uma união de capital com a Nissan.

Se o acordo for fechado, deixaria as duas montadoras em uma posição melhor para competir no país e no exterior com a Toyota, a maior montadora do mundo. A Toyota adquiriu participações na Subaru, Suzuki Motor e Mazda, criando uma potência de marcas apoiada por sua classificação de crédito de alto nível.

Fonte: O Globo