Este mês a lusofonia está no céu! Dia 12 de outubro foi N. Sra. Aparecida, padroeira do Brasil desde 1980, quando da visita de João Paulo II e a única imagem de santa com a nossa bandeira nas vestes. Ela é “generala” do Exército brasileiro.
E 13 de outubro (1917) foi a última aparição de N. Sra. de Fátima aos humanos, na Cova da Iria, em Portugal. Aliás, com relação à N. Sra. Aparecida, vale uma reflexão importante. A sua cor de canela em muito contribui para que ela seja percebida pelo inconsciente coletivo do nosso povo como uma santa brasileira. Assim como as outras aparições de Maria “nacionalizam” as Nossas Senhoras: a de Fátima é portuguesa; a de Guadalupe, mexicana; a de Lourdes, francesa e igual para as demais aparições.
Mas o 13 de outubro de 1917 tem, ainda, um outro grande significado: a prova jornalística dessa. Devido ao fato dos “pastorinhos” terem revelado à vizinhança, e comentado na aldeia que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia, a notícia se espalhou de boca em boca e estavam presentes na Cova da Iria desde o amanhecer cerca de 50 mil pessoas, segundo os relatos da época. E chovia torrencialmente, mas a multidão aguardava com paciência e fé junto às três crianças (Lúcia, Francisco e Jacinta) nos terrenos enlameados da serra. Por volta do meio-dia parou totalmente de chover e o sol “deu piruetas no espaço”. A seguir, ELA surgiu, e disse ser a N. Sra, do Rosário, e pediu que orassem o terço. Vejam foto rara da ocasião, publicada no dia seguinte por um jornal de Lisboa.

A multidão na Cova da Íria
Epílogo: em ambas as missas solenes, como nas de todos os dias, serão rezadas centenas de missas e, nessas missas, o sacerdote vai consagrar o pão e vinho. Mas qual vinho?
O vinho canônico. E qual a diferença dele para o vinho “normal”? Vamos lá: o Vinho Canônico, em geral tinto (*), leva um acréscimo de açúcar e de aguardente durante o processo de fermentação das uvas, justamente para retardar essa fermentação, fazendo com que o vinho envelheça muito, mas muito mais lentamente (mesmo processo dos vinhos do Porto, que chegam a duram 100 anos!) o que o torna também mais licoroso e mais alcoólico (entre 16% e 18% GL). E qual a lógica da Igreja para optar por esse formato¿
Economia de escala. Essa sobrevida significa redução na rotatividade das garrafas e, sobretudo, maior durabilidade (em condições palatáveis), porque um vinho mais doce e com mais álcool resiste melhor às precárias condições em que é guardado: em velhas cômodas junto com velas, batinas, incenso e mirra, batinas, etc.
E embora as igrejas com mais recursos já ofereçam ar-condicionado, não me consta que existam adegas climatizadas nas sacristias!

Vinho Canônico
Ou será que dia virá em que o pároco vai convidar os fiéis para um happy-hour “santo”, com papo ameno sobre celibato, dogmas e, por que não, as travessuras de Madalena…
(*) já de alguns 20 anos para cá, o Vaticano autorizou celebrar-se a missa com vinho branco, porque as freirinhas não aguentavam mais lavar aquelas toalhinhas imaculadamente brancas com manchas “de sangue”. E o vinho branco tem menos tanino, facilita a vida dos religiosos com problemas digestivos.
Por Reinaldo Paes Barreto