O desemprego caiu para 6,4% no trimestre encerrado em setembro. Trata-se da menor taxa para o período e a segunda menor em toda a série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Atualmente, o país tem 103 milhões de pessoas ocupadas, o maior contingente já registrado. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo instituto nesta quinta-feira.
- O número de trabalhadores no setor privado também atingiu recorde, somando 53,3 milhões de trabalhadores, alta de 2,2% no trimestre
- O resultado foi puxado pelo desempenho da indústria e comércio, que abriram mais de 700 mil postos de trabalho no período
- A taxa de desemprego do trimestre encerrado em junho, que serve de comparação com o índice divulgado hoje, foi de 6,9%.
O bom momento do mercado de trabalho no país fez o número de desempregados cair mais uma vez. Eram 7 milhões em busca de uma oportunidade em setembro – pelo critério da pesquisa, a pessoa deve estar procurando emprego para ser considerada desocupada. O número é o menor desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015 e representa um recuo de 7,2% em relação ao segundo trimestre e 15,8% frente a igual período de 2023.
Segundo Adriana Beringuy, gerente da pesquisa, o crescimento contínuo do emprego reflete a expansão das atividades econômicas, impulsionada pelo aumento do consumo das famílias.
Grande parte do rendimento familiar é direcionada para o consumo, o que intensifica a demanda por trabalhadores em diversos setores, explica ela. Além do aumento no número de vagas, houve um avanço na média salarial, com o rendimento médio real dos trabalhadores na trajetória de crescimento.
— Isso mostra que o mercado de trabalho não está observando apenas melhorias isoladas, mas uma recuperação que vem sendo observado desde a segunda metade do ano de 2022, e que vem ganhando uma robustez até o ponto da sua consistência a partir de 2023.
Indústria e comércio puxam vagas
Essa queda reflete o recorde de ocupados tanto no setor privado como no público. No privado, a a expansão das vagas decorre principalmente do desempenho da indústria. O setor teve incremento de 416 mil profissionais, alta de 3,2% na comparação com os três meses anteriores.
O comércio, por sua vez, absorveu 291 mil trabalhadores – alta de 1,5% no trimestre – e chegou ao recorde de 19,6 milhões de pessoas ocupadas. Os demais setores permaneceram-se estáveis.
— Em particular, a indústria registrou aumento do emprego com carteira assinada. Já no comércio, embora a carteira assinada também tenha sido incrementada, o crescimento predominante foi por meio do emprego sem carteira — explica Adriana Beringuy, gerente da pesquisa.
Recorde de emprego com carteira
No setor privado, o número de empregados formais cresceu 1,5% no trimestre e 4,3% no ano, chegando ao maior patamar da série (39 milhões). Já o número de empregados sem carteira aumentou 3,9% no trimestre (mais 540 mil pessoas), alcançando 14,3 milhões.
O contingente de trabalhadores no setor público também atingiu seu maior nível: 12,8 milhões de trabalhadores. Apesar de ter se mantido estável no trimestre, o setor público apresentou um crescimento anual de 4,6%, com mais 568 mil pessoas empregadas.
O crescimento de vagas no setor público costuma acontecer em anos com eleições.
Massa de rendimentos avança 7% no ano
Mais emprego significa mais dinheiro injetado na economia. O rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de R$ 3.227 no trimestre encerrado em setembro, sem variação estatística significativa em relação aos três meses anteriores, mas com alta de 3,7% na comparação com 2023.
Isso fez a massa de rendimento (soma das remunerações de todos os trabalhadores) atingir R$ 327,7 bilhões, avanço de 7,2% na comparação anual – na comparação com o segundo trimestre, o indicador ficou estável.
Segundo Adriana, do IBGE, será preciso acompanhar os próximos meses para ver se a massa de rendimentos, após o registro de estabilidade, sinalizará uma reversão de tendência:
— Por ora, o rendimento está estável. No ano, permanece a tendência de crescimento — diz ela.
Pnad x Caged
A Pnad traz informações sobre trabalhadores formais e informais. A pesquisa é divulgada mensalmente, mas traz informações trimestrais. A coleta de dados é feita em regiões metropolitanas do país.