A menos de dois meses para fechar o ano, as empresas de consumo e varejo ainda não realizaram as movimentações para incluir as metas ESG (sigla em inglês para temas ambientais, sociais e de governança) nos planos de negócios para o próximo ano. Essa é a análise do sócio-líder do setor de consumo e varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul, Fernando Gambôa. Segundo ele, é justamente neste período que as grandes companhias deveriam estar se mobilizando para aprovar as ações que deverão ser realizadas ao longo de 2025 e reportadas no balanço contábil de 2026. A divulgação dessas informações nas demonstrações financeiras é uma obrigatoriedade conforme Resolução 193, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“É importante que o setor de varejo esteja alinhado aos novos padrões de exigência do mercado no que diz respeito à sustentabilidade. Por ter um número representativo de empresas no Brasil e que lidam diretamente com o público, a indústria já deveria estar se mobilizando para atender aos requisitos como consumo sustentável, consciente, responsável com produtos mais duráveis, compartilháveis e que gerem mais valor e experiência ao consumidor”, alerta Gambôa.
Segundo ele, para estarem aderentes às normas internacionais as empresas têm que monitorar mais detalhadamente as emissões relacionadas à toda a sua cadeia de produção, transporte, mas também o impacto climático de materiais de embalagens não recicláveis ou não biodegradáveis.
“Essas decisões precisam ser tomadas com antecedência para que o setor mantenha uma posição promissora no mercado e evite riscos climáticos e financeiros. É recomendado que os empresários estejam atentos ao cumprimento das metas socioambientais já que esses fatores serão decisivos para a tomada de decisão dos investidores”, comenta.
Esta norma dispõe sobre a elaboração e divulgação do relatório de dados financeiros relacionados à sustentabilidade, com base no padrão internacional emitido pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), como referência para todas as companhias abertas do Brasil. De acordo com a CVM, a resolução fornece um arcabouço global efetivo e proporcional de informações voltadas aos investidores, servindo para auxiliar os mercados financeiros globais a avaliarem os riscos e oportunidades.
“Existe uma tendência global de as empresas, principalmente, aquelas que estão listadas em bolsa de valores, informar dados de sustentabilidade junto com os financeiros. A CVM quis demonstrar para o mercado que as organizações brasileiras também estão preparadas para atender a este tipo de demanda para que o investidor se sinta mais confortável para realizar aportes nelas”, finaliza a sócialíder de ESG da KPMG no Brasil e na América do Sul, Nelmara Arbex.