Neste dia 12, o Presidente de Portugal pediu ação urgente em relação aos oceanos, alertando para o risco de se falhar as metas fixadas para 2030, durante uma visita ao Oceanário de Lisboa com a princesa Leonor de Espanha.
“Temos de recuperar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
“É muito urgente. Caso contrário, não iremos cumprir os objetivos de 2030 nos oceanos, mas também nas alterações climáticas. Portanto, temos de nos apressar”, acrescentou.
Depois de ter recebido e oferecido um almoço à princesa das Astúrias, Leonor de Borbón y Ortiz, no Palácio de Belém, o chefe de Estado acompanhou-a numa visita ao Oceanário de Lisboa, último ponto da sua deslocação oficial a Portugal.
À saída do Oceanário, na despedida da herdeira da coroa espanhola, o chefe de Estado pôs um grupo de crianças a gritar “Portugal, Espanha”.
Durante esta visita, os dois tiveram um encontro com o administrador executivo da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha, e alguns jovens cientistas que trabalham para esta instituição, ligada à Fundação Francisco Manuel dos Santos, à qual foi atribuída em 2015 a concessão do Oceanário de Lisboa por um período de 30 anos.
Sobre os oceanos, falando em inglês, a princesa das Astúrias disse que se está “a tentar ter mais consciência da gravidade e da urgência da situação” e perguntou pelo trabalho e impacto ‘startups’ e inovações em biotecnologia.
Marcelo Rebelo de Sousa fez uma curta intervenção, a seguir, também em inglês, em que apontou uma diferença entre “o modo como o mundo está a reagir em relação às alterações climáticas, muito rapidamente, e o modo como está a reagir em relação aos oceanos”.
Na sua opinião, falta compreensão sobre a ligação entre as alterações climáticas e os oceanos, em termos gerais, e “mesmo quando compreendem que há uma ligação, veem um problema como urgente e o outro como ainda não tão urgente como o primeiro”.
O Presidente da República notou que “a primeira luta começou cedo, a segunda um pouco tarde” e apelou: “Mas temos de recuperar”.
“Temos de nos apressar, nós, sobretudo os políticos e aqueles que de algum modo são líderes nos nossos países: jovens, mais velhos, na academia, na investigação, instituições, mas também nos meios de comunicação. Porque estamos a perder terreno. Estamos muito bem comparando com o que acontecia há cinco, dez, quinze anos, mas não é o suficiente”, considerou.
Tiago Pitta e Cunha concordou que é preciso “tomar decisões o mais rápido possível”.
Segundo o especialista em assuntos do mar, distinguido com o Prémio Pessoa 2021, há “uma falta de liderança para a agenda dos oceanos”, também porque “grande parte dos oceanos não pertence a nenhum país”.
Pitta e Cunha deu como exemplo a temperatura dos oceanos, que “não era um assunto há dez anos”, e que, “especialmente nos últimos cinco anos, começaram a aquecer meio grau por ano, o que está a deixar os cientistas muito assustados”.
“Sabemos o preço a pagar, sabemos que o anormal se está a tornar o novo normal. Aqui em Lisboa, por exemplo, estamos a começar a ter uma época de furações no outono, que era sempre do outro lado do Atlântico, e agora também a temos aqui, no fim de setembro, outubro”, referiu.
“É preciso liderança”, insistiu.
Nesta sexta-feira, o Presidente da República condecorou a Princesa das Astúrias com as insígnias da Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, a que se seguiu uma reunião entre ambos.