É português. Nasceu em Lisboa, em 1195. E a confusão quanto à dupla nacionalidade se dá porque ele morreu em Pádua, na Itália, com 36 anos, em 13 de junho de 1231. Mas tem mais: o seu primeiro nome era Fernando e só com 25 anos ingressou na Ordem de São Francisco e adotou o nome para Antonio. Por que? Não consegui descobrir.

Adiante. Mas por que Santo Antônio é identificado como “santo casamenteiro”? Porque segundo o Padre Jorjão, ele era (é) um craque para achar coisas perdidas. Melhor até (?) do que São Longuinho… Ora, quem acha coisas … acha marido. E esposa. Folclore: no Brasil de antigamente, muitas moças do interior costumavam retirar o Menino Jesus dos braços das estátuas do santo, antes das procissões, prometendo “devolvê-lo à sua posição” depois de alcançarem o seu pedido. Outras colocavam a imagem de Santo Antônio de cabeça para baixo, prometendo, também, só “colocá-lo de pé” outra vez quando Ele arranjasse um marido…

Bom, mas além do seu lado “santo”, Santo Antônio abre as festas juninas, que em certos lugares do Brasil, sobretudo no Nordeste, duram o mês inteiro e são mais populares do que o próprio Carnaval e o Réveillon. Dança-se quadrilhas, montam-se arraiais, quermesses, fogueiras e folguedos…

E come-se tudo que engorda. Salgados e doces, sobretudo os feitos com milho, já que junho é o mês da colheita. Além de leitão, frango da roça, bolinhos de carne, arroz-doce, canjica, mandioca em calda, bolo e broa de fubá e de milho, doce de batata-doce, de abóbora, de cidra com rapadura –furundum– de mamão em pedaços, pão de cará, pão-de-ló cortado, paçoca, pé-de-moleque, batata-doce, mandioca, amendoim torrado, pipoca, pamonha, cuzcuz e o que mais estiver ao alcance da boca.

E bebe-se, além de muita pinga, o tradicional quentão de vinho, uma espécie de grogue europeu traduzido “pro arraiá”. (Faz-se também um quentão com pinga, mas aí não é pra santo: é pro diabo. Seguem as ilustrações das duas versões: com vinho branco e vinho tinto.

Lá vai a receita (da tradicional, de vinho tinto).

Ingredientes:
-2 garrafas de vinho tinto (em geral,de garrafão)
-2 xícaras de açúcar
-30g de gengibre
-1 pedaço de casca de laranja
-1 pedaço de canela em pau
-6 cravos da índia
-1/2 garrafa de água
– uma colher de chantilly
-canela em pó

Preparo: coloca-se o vinho numa panela e deixa-se ferver. Quando estiver em ebulição, flamba-se para fazer a queimada. Acrescenta-se o açúcar, o gengibre, a casca de laranja, a canela e o cravo. Deve ser servido em copos ou canecas. Por último, uma colher de chantilly e, por cima, canela em pó.

Epílogo e com todo o respeito: mas bem Santo Antônio podia “achar” um vinhozinho melhor para celebrar o seu dia! Porque beber bastante quentão sem ter dor de cabeça, só com milagre…

(*) O filho do Portinari (meu amigo Candinho) me enviou essa imagem de Santo Antônio pintada pelo pai, e o detalhe é que o Menino Jesus é ele…

Por Reinaldo Paes Barreto