Até o início do século XVIII, os bebedores de vinho não dispunham do conforto de tê-lo protegido do oxigênio, da luz, do calor e das sujidades, porque nessa época não se conhecia nem a rolha, nem a garrafa de vinho.

A descoberta da rolha de cortiça e da garrafa foram, por conseguinte, as maiores conquistas enológicas de todos os tempos.

A rolha de cortiça é retirada da casca do sobreiro, árvore encontrada basicamente em Portugal, na Espanha e na Grécia, e a garrafa de 750 ml, que passou a ser comercializada um pouco depois, (a primeira exportação dessa novidade saiu do Porto do Havre para a Inglaterra e a para a Índia em 1755) mantém até hoje essa medida padrão, para respeitar a legislação daquela época. Detalhe: como elas eram sopradas uma a uma, a lei italiana estabeleceu que essa era a capacidade máxima de sopro continuado a que poderia chegar um artesão, sem o risco de uma embolia pulmonar.

Vida que segue. Hoje são utilizadas pelo menos MAIS quatro tipos de rolhas: a) rolhas de aglomerado de cortiça – pequenos pedaços de cortiça unidos totalmente por uma cola especial; b) as rolhas sintéticas (são feitas de plástico e começaram a ser utilizadas nos anos 90); c) as rolhas de rosca (‘srew-caps”, em inglês) – produzidas com alumínio e polietileno, são muito utilizadas no chamados “vinhos do Novo Mundo” (Austrália, Nova Zelândia).

Recomendáveis para vinhos jovens (e não para vinhos de guarda). E ainda tem a vantagem de ser mais barata e boa para viagens, até porque não requer saca-rolhas; d) as rolhas de vidro que começaram a ser utilizadas no início dos anos 2000.

Ah, sim, e há, também, a não-rolha — nas embalagens de vinho em lata! E todas são bem-vindas, desde que cumpram a sua missão para cada tipo de vinho. Até porque como dizia o Millôr Fernandes, “a gente não bebe nem rolha, nem rótulo, nem garrafa … bebe um bom vinho”.

Se possível, digo eu.

Por Reinaldo Paes Barreto