Sei que vou apanhar mais do que cachorro quando faz cocô na sala do apartamento novo, mas o relatório recém-saído da IWCA (Internacional Wineries For Climate), citado pelo Marcelo Copello na Veja-SP desta semana, sustenta que as garrafas de vidro são as maiores agressoras da natureza no ciclo da indústria do vinho. Elas representam 2/3 da chamada “pegada do carbono”, que mede a emissão de gases de feito estufa no meio ambiente. E por que? Porque o seu transporte em caminhões ou assemelhados, que é o mais comum e barato, é o mais poluente devido ao peso.

representação da pegada do carbono

Alternativas: desde 1965, quando surgiu na Austrália, apareceram no mercado as embalagens em “bag-in-box” de um e até três litros de vinho. Basicamente, consiste em um formato de saco de plástico feito de várias camadas de filme metalizado, dentro de uma caixa de papelão. Vantagens: baixa pegada de carbono (50% a menos do que o vidro), vedação hermética e pode ser consumido em até 30 dias depois de aberta.

embalagens em bag-in-box

Mas, calma: não enfarte ainda, enófilo tradicional. Em 2019, surgiram no mercado do eixo Rio-SP as primeiras amostras do vinho em lata,  lançadas pela Importadora Portus. E a diretora-geral dessa importadora, Karene Vilela, que vinha acompanhando o crescimento desse segmento (vinho em lata) no mercado norte-americano, apostou nessa tendência, valendo-se, inclusive, de uma pesquisa da consultoria inglesa Wine Intelligence que prevê que as vendas de vinho em latinhas deve chegar a US$ 4,5 BILHÕES em 2025!

E, agora, o tiro de misericórdia: a LovinWine, (empresa inicialmente focada apenas em vendas on-line), lançou no Brasil a latinha do Brut Rosé, pensando no mercado dos happy-hours femininos. A procura foi tão grande, que ela passou a distribuir essas latinhas nos supermercados das praças principais de consumo de vinho. Com um teor alcoólico baixo (11,5%) e nas variedades Chardonnay e Pinot Noir, a proposta é atingir um público jovem e descompromissado.

vinhos em lata em supermercados

Me fez lembrar de uma antiga e corajosa campanha do Beaujolais: “um vinho irresponsável, para ser bebido aqui e agora”.

Vida que segue

 

Por Reinaldo Paes Barreto