Esta semana gravei um vídeo contando porque o mês de janeiro tem esse nome. É um referência ao deus romano Jano, que representa a metáfora das duas faces: o passado e o presente.

No vídeo, “convidei” a todos a olharem para o ano que começa com confiança em si mesmos e no futuro. Mas só para valorizar mais ainda os tempos atuais e os amanhãs cada vez mais apressados, vejam como mudamos, e como essas mudanças vêm ressignificando a nossa vida cotidiana, pelo menos do ponto de vista operacional. Do jurássico telefone preto, tijolão de parede, ao portátil celular com pouco mais de 7,4mm de espessura já operando pela fibra veloz da rede 5G, ao suplício de ir ao correio despachar 30 cartões de boas festas, da fila nas locadoras para selecionar o aluguel de um filme para o fim de semana chuvoso, da escolha de um destino para viajar em horas nos balcões das cias aéreas, sem falar no “sadismo” dos dentistas antigos e suas “motosserras”, do médico com uma paleta na sua goela mandando fazer “ahhhh” para mirar as amígdalas … o mundo mudou para mais fácil.

Vejamos mais exemplos do hoje X o(s) antigo(s) . 1 – Spotfy X gravadoras, fitas cassete;

2 – Netflix X locadoras de filmes (DVDs, salas de cinema, rolos de Super-8);

3 – Site (Decolar.com e outros) X agências de viagens; folders e folhetos/as lojas das cias aéreas;

4 – Google X páginas amarelas, guias de turismo, dicionários, enciclopédias, revistas de história; telefonema para o amigo(a) culto;

5 – Google Photos X álbuns de fotografias, caixas de sapatos com retratos;

6 – E-mails X correios (telegramas, relatórios de viagens, cartas, cartões de visita, convites impressos, “santinhos”, extrato bancário, publicações oficiais, balanços, obituários);

7 – WhatsApp (áudio e vídeo) X máquinas fotográficas; consultas/receitas médicas, reservas, cópias de documentos, dicas, alertas, ameaças!, roubos… tudo;

8 – Mídias Sociais X anúncios de jornais (classificados, avisos de missas, saudações natalícias, anúncios de bodas, etc); campanhas publicitárias, políticas e comunicados; “confissões” e conselhos, pornografia;

9 – Youtube X Tvs abertas (em parte), seminários, reuniões de trabalho/sociais/familiares, acervos de imagem e som;

10 – Facebook, Instagram e Twitter (mídias sociais) X diários íntimos, depoimentos em livros, artigos, programas de notícias (rádio e tv com horários fixos), profissionais de RP, assessores de imprensa, cartas dos leitores, campanhas políticas, notícias verdadeiras e fakes; obituários, etc, etc.

E correndo por fora, Alexa, uma secretária com vocação para gueixa eletrônica…

Impacto: mas para encerrar este inventário da surpresas positivas, escolhi a área do vinho como “case” para terminar este artigo. Antes (século XX), os produtores “para valer” eram a Itália, a França, a Espanha e Portugal. Havia uns primos pobres: a Tunísia e Líbano (meus tempos de Paris!), e aqui pro Sul, o Chile, a Argentina e até o Brasil.

Hoje, o Vale do São Francisco, no semiárido de Pernambuco e Bahia, são produtores/exportadores não negligenciáveis; nas américas, nas Américas o Uruguai entrou no jogo; O Peru produz vinhos com uvas autóctones, idem o México. E, lá pra cima, na Europa, a Holanda produz vinho, a Suécia faz vinho com uvas híbridas, e, para não esticar demais, o grande fator surpresa. Um espumante inglês ganhou de um francês, de um italiano e de um espanhol em um concurso de “prova-cega” em Paris, em 2009: o Nyetimber`s Classic Cuvée 2003, produzido em Sussex. E ainda ”fora da curva”, passaram a fazer vinhos bem razoáveis, Mianmar (Sudeste da Ásia), o Egito, a Eslovênia, a Rússia, o Canadá e a Índia.

E, para finalizar, a loucura: a China já é hoje o 4º país consumidor de vinhos do mundo e o 7° produtor mundial de vinhos de qualidade, sendo que a maior vinícola é a Silver Heights que elabora um pontuado Cabernet Sauvingon (Silver Heights) desde 2009. Ou seja, não é preciso correr apenas porque atrás vem gente.

Mas porque na frente já tem muita gente!

Por Reinaldo Paes Barreto