“Um mar de oportunidades: Promoção de laços culturais entre Portugal e o Brasil”: o debate organizado pelo Comitê de Educação, Inovação e Cultura da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, no dia 15 na Universidade Lusófona, Porto – Portugal.

Foram oradores Pedro Abrunhosa, António Montenegro Fiúza e Paulo Fernandes, moderados por Paulo Mendes Pinto, todos membros do Comitê de Educação, Inovação e Cultura da Câmara Portuguesa do Rio de Janeiro.

Num clima de franca postura construtiva, debateram-se, através das experiências de cada um, as dificuldades e as potencialidades das relações culturais entre os dois países lusófonos.

O delegado da AICEP no Brasil defende que Portugal é a “opção natural” e um “mercado teste” para a internacionalização, cada vez mais desejada, dos empresários brasileiros, sobretudo para a Europa, refletindo-se num crescimento do investimento do país.

Ainda nos primeiros noves meses do ano, o investimento direto do país em Portugal voltou a crescer para 5,3 mil milhões de euros, um aumento de 10% face a igual período de 2022, segundo os últimos dados oficiais do Banco de Portugal disponibilizados pela AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

De acordo com dados da Agência para o Comércio Externo brasileira (Apex-Brasil), desde 2018, 21,6% do tecido empresarial brasileiro iniciou processos de internacionalização.

Também números da Fundação Dom Cabral mostram que, já em 2022, 45,1% das empresas brasileiras internacionais aumentaram os seus investimentos no exterior, refere o mesmo responsável.

A Fundação Dom Cabral existe há 40 anos e é uma escola de negócios que oferece soluções educacionais nacionais e internacionais, sustentadas por alianças estratégicas e acordos de cooperação com instituições na Europa, Estados Unidos, China, Índia, Rússia e América Latina.

Para Francisco Saião Costa, o crescente desejo de internacionalização dos investidores brasileiros nos últimos anos devem-se à “conjuntura econômica e política interna” no Brasil e ao desejo dos investidores de protegerem o seu patrimônio e diversificarem a carteira, através da presença noutros mercados, “para evitar exposição a diferentes ciclos econômicos”, apontou.

Neste contexto, os investidores brasileiros começam a olhar para outros mercados e Portugal surge em vantagem “como opção natural”, mas também “prioritária”, considera o delegado da AICEP no Brasil.

Num primeiro momento, por motivos de afinidade histórica, cultural, social e linguística.

Depois, num olhar mais atento, também “pelas vantagens competitivas oferecidas” por Portugal e “altamente apreciadas pelas empresas e investidores brasileiros – nomeadamente segurança e estabilidade jurídica, recursos humanos altamente qualificados, infraestruturas de excelência e custos operacionais atrativos, aliados a um quadro de incentivos favorável” ao investimento estrangeiro, considera o delegado da AICEP em resposta por escrito a questões colocadas pela Lusa.

Francisco Costa admite ainda que exista muito investimento de brasileiro em imóveis em Portugal, mas sublinha que há também empresas criadas com capital brasileiro e a gerar emprego.

“Em sentido manifestamente positivo, começamos a identificar sinais de uma possível transformação na matriz de investimento, num movimento que se vem robustecendo desde 2020. Há um número crescente de empresas brasileiras, sobretudo de serviços tecnológicos, a abrir ‘tech hubs’, centros de inovação ou desenvolvimento em Portugal, com um nível de investimento associado relevante e com tendência a escalar”, afirmou.

Por outro lado, também continuam a merecer destaque os investimentos industriais de empresas de grande porte brasileiras “já com larga presença” em Portugal, acrescentou.

O responsável apontou como exemplos os investimentos da WEG, que, no início de 2022, anunciou a expansão do seu parque industrial e a construção de uma nova fábrica especializada em motores elétricos em Santo Tirso, e o da C-Pack, que já este ano avançou para a construção de uma fábrica de manufatura de embalagens (cosméticos) em Bragança.

Concluindo que há uma predominância de pequenas e médias empresas brasileiras a investir em Portugal, com particular destaque para start-ups, Francisco Costa referiu, no entanto que os grandes grupos empresariais brasileiros também iniciam a sua expansão “com uma presença de porte médio” no mercado português.

Para o responsável, os setores preferidos pelo investidor brasileiro para desenvolver em Portugal o tecnológico, financeiro e de máquinas e equipamentos porque “são os setores onde a oferta brasileira é mais forte, estruturada, desenvolvida e capaz de evidenciar-se face aos seus concorrentes com provas dadas noutros mercados altamente competitivos”.

Além disso, são áreas em que “Portugal tende a oferecer as melhores condições para a aposta destas empresas vingar”, explicou o delegada da AICEP no Brasil.

“É verificável o manifesto interesse destes investidores em utilizar Portugal como ‘mercado teste’ para validar o seu processo de internacionalização para o continente europeu”, referiu.

Investimento direto

O investimento direto do Brasil em Portugal aumentou para 5,3 mil milhões de euros entre janeiro e setembro de 2023, face a período homólogo do ano anterior, segundo os últimos dados do Banco de Portugal.

De acordo com os últimos dados disponíveis do Banco de Portugal e disponibilizados pela AICEP, relativos aos primeiros noves meses de 2023, o valor do investimento direto representa um acréscimo de 10% face ao registado em igual período de 2022 – 4,8 mil milhões de euros.

Dos 5,3 mil milhões investidos por brasileiros em Portugal naquele período de 2023, 74,9% vieram diretamente do Brasil, mas 21,1% foram oriundos de empresas brasileiras em Espanha, segundo os mesmos dados.

Em sentido contrário, em igual período de 2023, Portugal investiu 2,7 mil milhões de euros naquele país, menos 11,8% do que em igual período do ano anterior.

Em 2022, o investimento direto de Portugal no Brasil chegou aos três mil milhões de euros.

Portugal tem desinvestido mais do que tem investido no Brasil, pelo que o saldo final é negativo.

Só nos primeiros noves meses de 2022, por exemplo, o país desinvestiu 4,2 mil milhões de euros no Brasil e em igual período de 2023 o desinvestimento português atingiu 4,3 mil milhões de euros.

Pouco mais de um ano após Luíz Inácio Lula da Silva ter tomado posse como Presidente do Brasil, o saldo do investimento direto de Portugal no mercado brasileiro ainda é negativo.

Em 2023, até setembro, era negativo em 1,5 mil milhões de euros.

Em relação ao comércio, entre janeiro e setembro de 2023, Portugal exportou para o Brasil bens e serviços no valor total de dois mil milhões de euros e importou daquele país 3,3 mil milhões de euros, tendo assim a balança comercial com o Brasil um saldo negativo de 1,3 mil milhões de euros.

Fonte: Mundo Lusíada

Previsão é do Banco Central

O mercado financeiro reduziu a previsão da inflação para este ano. Segundo projeção do Boletim Focus, divulgada hoje (15) pelo Banco Central (BC), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – deve fechar este ano em 3,87%. Há uma semana, a projeção do mercado era de que a inflação este ano ficasse em 3,90%.

Divulgado semanalmente, o Boletim Focus reúne a projeção de mais de 100 instituições do mercado para os principais indicadores econômicos do país. Para 2025, a projeção da inflação deve ficar em 3,50%. Para 2026 e 2027, a previsão é que a inflação se mantenha nos 3,5% nos dois anos.

A estimativa para 2024 está dentro do intervalo de meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para 2024, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p)para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

Para alcançar a meta de inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, a taxa básica de juros, definida em 11,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

O comitê informou que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 9% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é que a taxa básica caia para 8,5% ao ano. A mesma previsão para os anos de 2026 e 2027.

Câmbio

O boletim divulgado nesta segunda-feira, também, prevê uma diminuição no valor do câmbio em dólar. Segundo o Focus, em 2024, a moeda fecha o ano em R$ 4,95. Há quatro semanas a previsão era de que a moeda norte-americana ficasse em R$ 5,00. Para 2025, a projeção é que o dólar também fique em R$ 5,00. Para 2026, a previsão é que o câmbio feche em R$ 5,06 e para 2027, em R$ 5,10.

PIB

Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB – Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), o Focus manteve a previsão da semana passada de crescimento de 1,59% para este ano. Para 2025, o boletim também manteve a previsão de crescimento da semana passada de 2%, que também é a mesma para os anos de 2025 e 2026.

 

Fonte: Agência Brasil

Uma  “grande oportunidade” para o Alto Alentejo, com a mesma importância para a região que o projeto de Alqueva teve para os distritos de Évora e Beja. A construção da Barragem do Pisão deu este sábado (13 de janeiro) um novo passo, com a cerimónia de assinatura do novo contrato de financiamento do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (EAHFM) do Crato.

António Costa na cerimónia de assinatura do novo contrato de financiamento do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (EAHFM) do Crato, projeto conhecido como Barragem do Pisão (Foto: Diana Quintela).

Na cerimónia, o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou que este é um projeto de décadas que avança agora. “Eu não escondo que dos cerca de 160 mil projetos que estão previstos no Plano de Recuperação e Resiliência [PRR] nenhum deu mais dores de cabeça, nenhum exigiu maiores discussões, nenhum exigiu maiores esforços de compromisso, nenhum exigiu maior ginástica do que a Barragem do Pisão”, referiu o líder do Executivo, lembrando que o primeiro estudo sobre a barragem data já de 1957. “Há quem perante os desafios desista, há quem perante os problema diga que ‘o melhor é pôr-me ao lado’ e depois há quem gosta de resolver problemas e de enfrentar desafios”, acrescentou António Costa, sublinhando que esta nova infraestrutura é uma “grande oportunidade” para a região, à semelhança do que aconteceu com o Alqueva no Baixo Alentejo.

“Também levaram décadas a discutir se se fazia Alqueva, não se fazia Alqueva, Alqueva vai ter um impacto terrível no ambiente, vão ter dificuldades porque para realizar o Alqueva vai ser necessário deslocar populações, realojar populações. Foram décadas de desperdício de oportunidades e de riqueza que teriam feito do Alentejo, no seu conjunto, uma região muito mais desenvolvida se mais cedo tivesse sido feito a Barragem do Alqueva”, recordou o primeiro-ministro.

Com a  atualização da reprogramação do PRR, o projeto de construção da EAHFM do Crato, também conhecido como barragem do Pisão, conta com um reforço superior a 20 milhões de euros. A nova infraestrutura passa, assim, a ter uma dotação de 141,2 milhões de euros, inscrita no PRR, bem como um reforço de 10 milhões com origem do Orçamento do Estado, num investimento total superior a 200 milhões de euros.

Além da barragem, o projeto – gerido pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) – inclui a construção de uma central fotovoltaica flutuante, de 150 megawatts, assim como uma central mini-hídrica e canais da estrutura de regadio para a agricultura e sistema de abastecimento público de água.

Reivindicação histórica da região, a barragem vai garantir o abastecimento de água às populações dos concelhos de Alter do Chão, Avis, Crato, Fronteira, Gavião, Nisa, Ponte de Sor e Sousel, num total de cerca de 55 mil pessoas, e permitirá regar cerca de 5500 hectares.

As obras de construção ficarão concluídas até ao final de 2026.

Fonte: República Portuguesa

O investimento direto do Brasil em Portugal aumentou para 5,3 mil milhões de euros entre janeiro e setembro de 2023, face a período homólogo do ano anterior, segundo dados do Banco de Portugal.

O investimento direto do Brasil em Portugal aumentou para 5,3 mil milhões de euros entre janeiro e setembro de 2023, face a período homólogo do ano anterior, segundo os últimos dados do Banco de Portugal.

De acordo com os últimos dados disponíveis do Banco de Portugal e disponibilizados pela AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, relativos aos primeiros noves meses de 2023,o valor do investimento direto representa um acréscimo de 10% face ao registado em igual período de 2022 – 4,8 mil milhões de euros. Dos 5,3 mil milhões investidos por brasileiros em Portugal naquele período de 2023, 74,9% vieram diretamente do Brasil, mas 21,1% foram oriundos de empresas brasileiras em Espanha, segundo os mesmos dados.

Em sentido contrário, em igual período de 2023, Portugal investiu 2,7 mil milhões de euros naquele país, menos 11,8% do que em igual período do ano anterior. Em 2022, o investimento direto de Portugal no Brasil chegou aos três mil milhões de euros.

Portugal tem desinvestido mais do que tem investido no Brasil, pelo que o saldo final é negativo.

Só nos primeiros noves meses de 2022, por exemplo, o país desinvestiu 4,2 mil milhões de euros no Brasil e em igual período de 2023 o desinvestimento português atingiu 4,3 mil milhões de euros. Pouco mais de um ano após Lula da Silva ter tomado posse como Presidente do Brasil, o que significou um reatar de uma relação política e económica mais profunda entre os dois países, o saldo do investimento direto de Portugal no mercado brasileiro ainda é negativo. Em 2023, até setembro, era negativo em 1,5 mil milhões de euros.

Em relação ao comércio, entre janeiro e setembro de 2023, Portugal exportou para o Brasil bens e serviços no valor total de dois mil milhões de euros e importou daquele país 3,3 mil milhões de euros, tendo assim a balança comercial com o Brasil um saldo negativo de 1,3 mil milhões de euros.

O delegado da AICEP no Brasil defende que Portugal é a “opção natural” e um “mercado teste” para a internacionalização, cada vez mais desejada, dos empresários brasileiros, sobretudo para a Europa, refletindo-se num crescimento do investimento daquele país.

Para Francisco Saião Costa, o crescente desejo de internacionalização dos investidores brasileiros nos últimos anos devem-se à “conjuntura económica e política interna” no Brasil e ao desejo dos investidores de protegerem o seu património e diversificarem a carteira, através da presença noutros mercados, “para evitar exposição a diferentes ciclos económicos”, apontou.

Neste contexto, os investidores brasileiros começam a olhar para outros mercados e Portugal surge em vantagem “como opção natural”, mas também “prioritária”, considera o delegado da AICEP no Brasil. Num primeiro momento, por motivos de afinidade histórica, cultural, social e linguística.

Depois, num olhar mais atento, também “pelas vantagens competitivas oferecidas” por Portugal e “altamente apreciadas pelas empresas e investidores brasileiros – nomeadamente segurança e estabilidade jurídica, recursos humanos altamente qualificados, infraestruturas de excelência e custos operacionais atrativos, aliados a um quadro de incentivos favorável” ao investimento estrangeiro, considera o delegado da AICEP em resposta por escrito a questões colocadas pela Lusa.

Francisco Costa admite ainda que exista muito investimento de brasileiro em imóveis em Portugal, mas sublinha que há também empresas criadas com capital brasileiro e a gerar emprego.

“Em sentido manifestamente positivo, começamos a identificar sinais de uma possível transformação na matriz de investimento, num movimento que se vem robustecendo desde 2020. Há um número crescente de empresas brasileiras, sobretudo de serviços tecnológicos, a abrir ‘tech hubs’, centros de inovação ou desenvolvimento em Portugal, com um nível de investimento associado relevante e com tendência a escalar”, afirmou.

Por outro lado, também continuam a merecer destaque os investimentos industriais de empresas de grande porte brasileiras “já com larga presença” em Portugal, acrescentou.

O responsável apontou como exemplos os investimentos da WEG, que, no início de 2022, anunciou a expansão do seu parque industrial e a construção de uma nova fábrica especializada em motores elétricos em Santo Tirso, e o da C-Pack, que já este ano avançou para a construção de uma fábrica de manufatura de embalagens (cosméticos) em Bragança.

 

Fonte: ECO

O jornal francês Le Monde, desta semana, traz uma matéria sobre “a relação dos presidentes da República (daquele país) e os prazeres da mesa”. E para não ir muito longe na visão pelo retrovisor, pegou da 5º República para cá, isto é, do General De Gaulle e o seu gosto pela “Bouillabaisse”, a famosa sopa de peixe, vegetais e ervas aromáticas, de Marseille, até os   escalopes “cordon-bleu” do atual presidente Macron.  Mas o registro mais “fora da curva” ocorreu  no governo Giscard d’Estaing  (1974-1981), por conta da  transição entre “a comida de molhos” e a “nouvelle cuisine”, duas vertentes da célebre culinária francesa que foram postas na mesa das discussões.

E como o protagonista dessa “mudança de paradigma” foi Paul Bocuse, o festejado dono e cozinheiro em Collognes-au-Mont-d’Or, perto de Lyon, Giscard d`Estaing prestigiou a mudança e espetou no peito desse gigante (com trocadilho), no salão nobre do Palácio do Eliseu, a Legião de Honra, comenda criada por Napoleão. E a partir dali os chefs foram abandonando progressivamente o calor de suas cozinhas e passaram a circular pelo salão dos restaurantes, pelas câmaras de televisão e vídeo, pelos links e blogs e pelas páginas das mais bem ilustradas revistas de gastronomia, impressas e/ou digitais. Tanto que alguns são, hoje, popstars com programas próprios de televião e streaming — e milionários.

Nessa tarde, para comemorar, Bocuse preparou a sopa de trufas que entrou para a história da gastronomia, e boi batizada com as inicias do então presidente: “Soupe VGE”. Hoje, custa cerca de 330 euros, aproximadamente 1.860 reais.

Mas, repito, essa tradição de Alta Gastronomia X Poder, na França, vem de Luis XIV (1643-1715), passa por Napoleão no fim desse século 18, início do19, e tem um momento histórico – e por um dessas ironias da própria história – justamente para celebrar o colapso e exílio de Napoleão. O Congresso de Viena, em 1814.

O príncipe Tailleyrand, ex-chanceler do imperador e hábil negociador diplomático, mas que pulou fora da frota de Bonaparte quando pressentiu o naufrágio, idealizou  esse encontro de cabeças coroadas da Europa na capital austríaca, para redesenhar o mapa de poder no continente, e nas respectivas colônias. E como bom estadista francês, levou consigo o  cozinheiro, o genial Carême, que entre outras novidades ofereceu ao Kaiser, ao Tzar e aos demais reis e príncipes ali persentes os melhores queijos da França e, dentre eles, o Brie, ali consagrado como “le Roi des fromages, le fromage des Rois”. Estava lançada o que muito recentemente foi chamada de Gastrodiplomatie.

Para finalizar, não posso deixar de evocar uma querida lembrança. Certa noite, jantando em Paris com o meu amigo e mestre Guilherme Figueiredo no restaurante “L’Ami Louis” (fundado em 1924), e depois dos escargots de entrada e do “canard confit sur rösti”, fomos para os queijos e o campeão foi o Brie envelhecido mas que, por isso mesmo, exalava um aroma “particulier” que o nosso Guilherme, grande frasista, logo comparou … “ao pé do bom Deus”.

Amém!

Por Reinaldo Paes Barreto