O título é só uma provocação. Guerra, porque o nome deste mês foi dado pelos romanos em homenagem ao deus Marte, deus da guerra. E por quê? Porque em Roma, como em todo o hemisfério norte, é nesse período que começa a primavera, época do início das campanhas militares.
E mulheres porque é neste dia 8 que se celebra o Dia Internacional da Mulher: viva! Cem vezes, viva! São todas gênias da inteligência emocional, independente da cultura, conhecimento acadêmico ou capacitação profissional.
E para não me perder no oceano de exemplos de protagonismo feminino, vamos para as “mulheres do vinho”, que já dá uma adega com as melhores safras.
Aliás, parênteses: todos os substantivos do vinho, com exceção do que o designa, são femininos: a parreira, a uva, a colheita, a fermentação, a garrafa, a rolha, a taça, a degustação … e as vendas!
E a primeira a ser homenageada é ninguém menos do que Maria, a mãe de Jesus, quando nas Bodas de Canã (e para evitar o vexame iminente para os anfitriões) pediu a seu filho para transformar a água em vinho, o primeiro milagre de Cristo, segundo a Bíblia. Jesus, então, ordenou que os serviçais trouxessem 6 potes, com 90 litros de água e os transformou no precioso mosto fermentado da uva.
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Correram 800 até o segundo registro: a “viúva” Clicquot. A jovem Barbe-Nicole Ponsardin, que nasceu em 1777 e aos 21 anos casou-se com François Clicquot, dono da já famosa “Maison”. Mas ficou viúva aos 28 e decidiu assumir sozinha o comando da vinícola. E para turbinar as vendas do seu espumante champenois, transformou-se numa máquina de negócios. Comandou pessoalmente a primeira exportação de centenas de caixas para o Czar da Rússia, distribuiu por toda a Europa e – pois é — exportou para o Brasil! Em 1826 chegaram ao Rio de janeiro as primeiras garrafas de Veuve Clicquot, encomendadas por carta escrita de próprio punho pelo imperador D. Pedro I.
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Há uma segunda francesa notável, também viúva, (epa!) Louise Pommery (1819-1890), que desenvolveu, o primeiro champagne brut (seco). E para diferenciar a marca mundo afora, convidou artistas plásticos conhecidos para desenhar os seus rótulos.
Finalmente uma portuguesa extraordinária, a D. Antónia, que naufragou num rabelo (aquelas barcaças que singram o Rio Douro) junto com o marido. Só que ele morreu e ela sobreviveu graças às sete saias, que lhe serviram de boia. Mas não se salvou sozinha: salvou o vinho do Porto, porque quando a praga da Pylloxera (o fungo assassino) devastou as vinhas e os parreirais, ela pagou do bolso, durante anos, a sobrevivência/manutenção dos seus empregados, até que a ciência dominou a doença agrícola.
A lista segue e não cabe nesta crônica. Bom, e hoje? Hoje, a mulher é uma consumidora exigente, conhecedora do que quer – e do que não quer – mas, e sobretudo, uma aliada na luta pela qualidade do circuito do vinho: o produto certo, o preço justo, o jogo limpo. Sim! e graças a elas temos o “by the glass”, porque foi para atender à moderação feminina (hoje é dia de homenagear!) que os bares, os restaurantes, degustações em supermercados, etc, adotaram a degustação taça à taça.
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Termino com um brinde muito carinhoso a todas “as marias”, por todos os dias.
Por Reinaldo Paes Barreto