Já que vivemos tempos de intensas mudanças mas, por outro lado, de um retorno ao “melhor do simples”, do tipo as receitas da vovó, venho propor aos que estão no Rio, uma Ceia de Natal descomplicada e… tropical.

Por exemplo: para dar início aos trabalhos, arrume uma simpática mesa com plantas, flores, frutas e frutos, travessas de beijus de tapioca, pipocas, mix de ”nuts”, aspargos cozidos entrelaçados em presunto, iogurtes e/ou coalhadas com nozes e castanhas, sopas geladas de hortelã com gengibre, tomate e aipo, gaspazio, patês, pastinhas…

No capítulo “bebes”, um espaço para sucos criativos (abacaxi, pitanga, cranberry, etc) e águas minerais transadinhas (Pedras Salgadas portuguesa, ou uma Perrier) e, claro, cervejas artesanais, espumantes e vinho branco. Alternativa chique: uma bandeja com gim e águas tônicas..

Outra: uma “ilha” com caipirinhas, desde que algum “cristão” fique a postos para finalizá-las..

“Parênteses cultural”: a caipirinha é a filha temporã da batida de limão, esta sim o combustível dos seresteiros de São Paulo nos anos 20/30, que para enfrentarem a garoa, calibravam a temperatura da garganta com cachaça, limão e mel. Depois, algum pré-mixólogo bolou esmagar o limão com a casca em vez de espreme-lo, e derramar um “álcool” (cachaça/rum, vodka) no mosto, para dar musculatura ao drinque. Na sequência,  outros bartenders começaram a usar outras frutas:  manga, tangerina, lima da pérsia, abacaxi, acerola, caju, pitanga … Eu coloco umas lascas de gengibre e uma pitada de pimenta do reino durante a socagem.

Bom, adiante. Os pratos de resistência devem ser servidos perto da meia noite: quiches, sanduíches criativos, saladas incríveis, do tipo macarrão parafuso frio com camarões também frios, talhadas de melancia; salpicão de frango e milho, saladas, fiambres, marinados de salmão, carpaccios, ceviches, queijos brancos e curados, tudo escoltado por torradas, pães variados (fermentados lentamente), de tamanhos e formas diversas.

A opção japa é válida — mas cara.

Agora as sobremesas: goiabada cascão com queijo Minas, canjiquinha de milho verde, cocada, doce de leite, gelatinas coloridas, laranja “à francesa”, uvas verdes,  sorvetes, por aí.  E talvez, talvez, uma mousse de chocolate, mas com 90% cacau.

E junto com a sugestão desse cardápio, os votos desta coluna de um Natal, alegre, leve, com saúde abundante, trabalho e/ou renda satisfatórios,, ao lado da família, dos amigos, e das suas melhores lembranças.

Ah, sim, traje: bermudas elegantes; postura: a coluna ereta – e a mente quieta.

Por Reinaldo Paes Barreto